Literatura e cinema: Madame Bovary

Certa vez, Alfred Hitchcock disse que grandes livros dão péssimos filmes; que o melhor mesmo é filmar os maus livros. Levando adiante a ironia do diretor, é lícito deduzir que “grandes livros” não geram bons filmes porque os bons livros são, sobretudo, carregados pela linguagem. A maneira que o autor conta a história é mais importante que a história em si. Nesse sentido, seria muito mais fácil produzir um filme baseado em um livro como “Harry Potter”, por exemplo, que “conta uma história”, do que em uma obra como “Grande Sertão: Veredas” em que o que há de mais importante é a própria linguagem. Para nos aprofundarmos na intersecção entre cinema e literatura, tomaremos como ilustração o romance “Madame Bovary”, escrito por Gustave Flaubert em 1856 e o filme homônimo de Chabrol. Falemos brevemente sobre o filme. A produção data de 1991 e é a sétima das oito adaptações do romance de Flaubert. O diretor Claude Chabrol (1930 – 2010) foi um dos idealizadores da “Nouvelle Vague”, movimen...