Personagens em colapso
Centenas de livros de ficção são publicados mensalmente pelas editoras brasileiras. Milhares, às vezes. Nosso país edita perto de doze mil novos títulos ao ano, uma quantidade que talvez não consigamos ler em uma vida. Quais livros são bons, quais livros valem nosso tempo, nossa atenção? Quem faz a garimpagem para o leitor, a classificação? Quem define o que vem a ser uma obra que valha a pena ser lida? Qual o destino dos poucos livros realmente bons, que correm o risco enorme de não serem descobertos? Os concursos literários premiam os melhores livros do ano ou as melhores obras de uma amostragem, segundo uma determinada comissão julgadora? São perguntas que me angustiam. Quem se arrisca a pescar algum autor desconhecido, na estante, e a encarar uma leitura incerta? Ou é preferível que o leitor se curve ao conforto dos cânones? Ainda bem que, se o crítico não for demasiadamente paranoico, pode abandonar uma obra lá pela décima página, caso não atenda aos critérios mínimos de qualidade...