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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Personagens em colapso

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Centenas de livros de ficção são publicados mensalmente pelas editoras brasileiras. Milhares, às vezes. Nosso país edita perto de doze mil novos títulos ao ano, uma quantidade que talvez não consigamos ler em uma vida. Quais livros são bons, quais livros valem nosso tempo, nossa atenção? Quem faz a garimpagem para o leitor, a classificação? Quem define o que vem a ser uma obra que valha a pena ser lida? Qual o destino dos poucos livros realmente bons, que correm o risco enorme de não serem descobertos? Os concursos literários premiam os melhores livros do ano ou as melhores obras de uma amostragem, segundo uma determinada comissão julgadora? São perguntas que me angustiam. Quem se arrisca a pescar algum autor desconhecido, na estante, e a encarar uma leitura incerta? Ou é preferível que o leitor se curve ao conforto dos cânones? Ainda bem que, se o crítico não for demasiadamente paranoico, pode abandonar uma obra lá pela décima página, caso não atenda aos critérios mínimos de qualidade...

Um rápido abraço da tradução em Rimbaud

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Aqui, trata-se de Arthur Rimbaud. No mês de outubro de 2024 completaram-se exatos 170 anos desde o nascimento desse vulto estelar (que assim o foi pelo menos durante certo período de sua curta vida – “partiu” do mundo com a idade de 37 anos!). Comecemos por visualizar, grosso modo, a vida ao mesmo tempo surpreendente e explosiva desse precoce jovem Rimbaud que, aos vinte anos, era já autor de trabalho poético lapidado à perfeição. Sua criação literária em verso e prosa é de tal modo vigorosa e auspiciosa que alguns críticos lhe atribuem todo o caudal sequente que desembocaria na então poesia de vanguarda. Rimbaud concebia sua obra como resultado, ao mesmo tempo, condicionado por, e condicionante de sua vida. Resultado a que ele pensava chegar pelo esforço da vontade, mas paralelamente pelo desregramento de todos os sentidos, dois aspectos aparentemente inconciliáveis que, assim concebidos, afloram um dilema. Tema para outro texto. A seguir, soneto de Arthur Rimbaud, em francês e com re...